O perfil demográfico de pessoas que foram infectados pelo novo coronavírus na última semana epidemiológica, que vai de 17 a 23 de Maio, no país, mostra que, em Moçambique, a Covid-19 tende a afectar pessoas da faixa etária com idades abaixo de 19 anos, contrariando a tendência anterior.

Na última semana epidemiológica, o país notificou 39 casos positivos de infecção pelo novo coronavírus, dos quais 19 são pessoas com idades na faixa etária abaixo dos 19 anos. Na semana anterior haviam sido registados apenas 6 pessoas desse grupo etário, num total de 42 casos reportados.

Portanto, o facto de termos uma epidemia baseada em focos de transmissão vamos ter uma mudança no perfil demográfico dos casos positivos. Em uma semana triplicou o número de indivíduos infectados com a Covid-19 naquele grupo etário”, referiu o director-geral do Instituto Nacional de Saúde, Ilesh Jani, durante a apresentação da análise epidemiológica da semana finda,na conferência de imprensa de actualização de dados sobre esta pandemia.

 

Por outro lado, indicou que a doença tende a afectar, igualmente, mais mulheres, contrariando a situação anterior em que visava mais homens.

No que se refere aos sintomas dos casos detectados no país, o responsável indicou que predominam doentes sem sintomatologia ou com sinais leves a ligeiros.

Neste momento, o país possui apenas dois casos internados, um na cidade de Maputo e outro em Inhambane, e todos por possuírem outras doenças.   

Sobre a testagem, indicou que na semana em análise foram examinados 2212 amostras que resultaram em 39 casos positivos, dando uma taxa de positividade de 5, 4 por cento. Porém, no global, a taxa de positividade do país é de 2,3 por cento, tendo em conta que foram submetidas a testagem 8463 amostras, que resultaram em 194 casos positivos, muito abaixo da média da região da África Austral.

Refira-se que neste momento todas as províncias já submeteram amostras para a testagem no laboratório do INS, sendo que a cidade e província de Maputo e Cabo Delgado são os que submeteram mais material para análises.

Em relação a distribuição dos casos por um milhão de habitantes ao nível da região, o país tem uma média de 5,4 casos, muito abaixo dos países vizinhos como a África do Sul e E-swatini, que possuem 322,7 e 189,6 casos respectivamente.   

Ilesh Jani explicou que Moçambique continua a ter muitos casos resultantes da vigilância epidemiológica nas unidades sanitárias e o aumento de cadeias de transmissão não ligados a casos anteriores. Na semana passada foram reportadas 26 cadeias de transmissão novas, contra 36 da semana anterior.

Continuamos a ter muitas cadeias de transmissão novas, que vão assumindo mais importância em relação a Afungi, que continua a dominar os casos positivos com mais de 50 por cento do total dos infectados”, explicou, salientando que estão em curso acções de rastreio e investigação das novas cadeias para descobrir a fonte de infecção.

Esta tendência coloca o país à beira do início da transmissão comunitária em alguns locais geográficos”, frisou, indicando que Moçambique regista uma “Epidemia com Focos de Transmissão” com casos já detectados em nove províncias do país, excepto Zambézia e Niassa.