A rápida evolução do número de casos positivos de infecção pelo novo coronavírus nos últimos dias coloca Moçambique na iminência de transitar do actual padrão de focos de transmissão para comunitária da pandemia da Covid-19, segundo informação apresentada este domingo pelo Director-geral do Instituto Nacional de Saúde, Ilesh Jani.

Na última semana epidemiológica, o país registou 76 novos casos da doença, um número recorde em relação ao último máximo já alcançado desde o início da enfermidade, que foi de 42 casos. Em termos de meses, Maio teve quase o triplo dos casos de Abril, com 178 e 68 positivos respectivamente.

Fazendo a habitual análise da semana epidemiológica, que se tem realizado aos domingos, na Conferência de Imprensa de actualização de dados da COVID-9, o responsável indicou que o país tem um tempo de duplicação de casos de 15 dias, muito maior que o do mundo, que é de 33 dias. Este facto, segundo a fonte, pode dever-se ao facto de ter países vizinhos com transmissão comunitária já muito tempo e com tempo de duplicação de casos de 2 e 3 dias, como é o caso dos vizinhos Malawi e Zimbabwe, que tiveram um aumento substancial de casos nos últimos dias.

 

Estes países, Juntamente com Moçambique, fazem parte do grupo de oito países da África Austral, 23 do continente e 50 do mundo, que estão a ter uma evolução muito rápida de casos de infecção por este vírus.

Na semana finda foram realizadas testes a 2.314 amostras, que resultaram em 76 casos positivos, representando uma taxa de positividade de 3,28 por cento.

“Se esta tendência continuar, o mês de Junho pode ser muito complicado”, vaticinou o responsável, indicando que neste momento todas as províncias já possuem casos.

A fonte refere que esta rápida propagação da doença no país se deve ao movimento substancial das pessoas entre províncias, o que induz a maior circulação do vírus, estabelecendo novos focos de transmissão.

O director-geral do INS considera que a vigilância activa nas unidades sanitárias começa a assumir uma importância no circuito, e registar mais casos sintomáticos, diferente do cenário anterior que predominava casos com foco de transmissão em Afungi e a observar uma tendência de mudança do perfil clínico dos casos, com o registo de casos sintomáticos, óbitos, incluindo internamentos.

Refira-se que o país conta neste momento com 254 casos notificados, dos quais 91 já estão recuperados, dois internados e dois óbitos.