Referiu o Vice-ministro da Saúde na abertura da Reunião Nacional do Programa Nacional das ITS e HIV e SIDA

Avançamos muito no tratamento antirretroviral, mas preocupa-nos a incidência de novos casos de infecções


O tratamento antirretroviral (TARV), cuja função é a de impedir a multiplicação do HIV e diminuir a quantidade do vírus no organismo humano, é uma das intervenções em curso no país, na resposta a esta epidemia.

Em Moçambique, e segundo dados do Inquerito sobre a Prevalencia do HIV e SIDA em Moçambique ( INSIDA 2021), mais de 96%, entre as pessoas diagnosticados com o HIV aderiram a esta terapia, estando neste momento em tratamento.

Outro ganho a salientar tem que ver com a taxa de transmissão vertical do HIV da mãe para o filho, que registou uma redução de 12%, em 2021, para 10%, em 2022, o que de acordo com Sua Excelência Ilesh Vinodrai Jani, vice-ministro da saúde, representa um grande progresso no conjunto das acções em curso, que visam o alcance, por Moçambique, em 2025, das metas 95-95-95 da ONUSIDA.

 

“ Faz-se necessário identificar muito bem e consolidar as acções que estão a contribuir para essa redução animadora para que possamos alcançar a almejada taxa abaixo de 5% preconizada no “Plano Nacional de Tripla Eliminação do HIV, Sífilis e Hepatite B em Moçambique 2020-2024”, referiu o vice-ministro da saúde, na abertura da IX Renuniao Nacional do Programa Nacional de Controlo às Infecções de Transmissão Sexual, HIV e SIDA ( ITS, HIV e SIDA) que decorre desde esta Quarta-feira, 15 de Março, até Sexta, 17, na Cidade de Maputo.

Estes avanços, entretanto, podem ser comprometidos, uma vez os dados do INSIDA 2021 indicarem que a incidência do HIV em Moçambique permanece elevada, com uma taxa de 4.8%, contra 5.1%, em 2015. Mais ainda: a prevalência permanece igualmente elevada, ou seja, 12.5% contra 13.2%, em 2015.

Há, também a destacar, o facto de estimativas de 2022 indicarem que 266 novas infecções ocorrem por dia na população em geral, sendo 230 em adultos e 36 em crianças. Segundo as mesmas projecções, cerca de 2.4 milhões da população vive actualmente com o HIV no país. “ O quadro epidemiológico que acabamos de apresentar nos encoraja a prosseguir com os esforços colectivos e partilha de responsabilidades, pois revelam necessidades de intervenções adicionais e focalizadas nos subgrupos populacionais mais vulneráveis, visando o controlo da epidemia em Moçambique" 

Por essa razão, sublinhou Jani, as acções de prevenção deverão continuar a ser refinadas com o objectivo de se alcançar mais adolescentes, pois, lembrou, este grupo é o que mais contribui para novas infecções no país, requerendo uma atenção muito especial, devido à sua particular vulnerabilidade.

Entretanto, outro desafio referenciado pelo vice-ministro, que necessita de respostas mais eficazes e sem tabus, está associado ao aumento da cobertura geográfica de intervenções para a identificação e oferta do pacote de prevenção das populações-chave, considerando as barreiras sócio-estruturais.

Jani encorajou às equipas das Unidades Sanitárias (US) para continuarem com as intervenções rotineiras de discussão das causas-raiz que afectam a oferta dos serviços segundo os padrões nacionais estabelecidos, e a partir daí, implementarem de forma consistente, intervenções para a melhoria da qualidade assistencial. Destacou a necessidade de se popularizar ainda mais a autotestagem, por forma a se impulsionar ainda mais o aumento do conhecimento pela sociedade, do seroestado, assim como a necessidade de a conduta dos profissionais da saúde se espelhar no comprometimento com zero discriminação às pessoas vivendo com o HIV.

Na IX Renuniao Nacional do Programa Nacional de Comtrolo às Infeccoes de Transmissao Sexual, HIV e SIDA, que decorre no formato hibrido (presencial e remoto), e que tem como lema “ Juntos no Fortalecimento da Qualidade Assistencial para o Controlo do HIV e SIDA”, onde participam quadros do sector a diversos níveis e de todo o país, representantes dos parceiros de implementação e cooperação, sociedade civil entre outros, serão discutidos os resultados da avaliação de implementação da Directriz das ITS, HIV e SIDA em Moçambique, e identificadas estratégias necessárias para melhores resultados da sua implementação nos próximos tempos.